O início da Copa do Mundo no Brasil bate à nossa porta.
Daqui a menos de três meses, o mundo estará com os olhos voltados ao nosso país. 32 seleções
vão passar por 12 estados. Milhares de turistas desembarcarão por dezenas de aeroportos e além
de acompanhar o maior evento futebolístico do planeta, planejam desfrutar das
belezas naturais espalhadas em nossa terra. Estaremos prontos para recebê-los e
sediar com competência o megaevento?
Na noite da última segunda-feira, a rádio CBN promoveu no
Auditório Armando Nogueira, no Museu do Futebol, em São Paulo, o seminário “Perdas e ganhos com
a realização da Copa” com as participações dos especialistas em marketing e
gestão esportiva, Amir Somoggi e José Carlos Brunoro, além dos ex-jogadores
Emerson Leão e Belletti. O evento teve a mediação do âncora da CBN, Carlos
Eduardo Éboli. Esse último abriu o encontro listando os grandes problemas que o
Brasil encontra desde 2007, quando foi escolhido como sede da Copa-2014:
superfaturamento das arenas, estouro no orçamento, cancelamento de obras de mobilidade
urbana e aeroportos obsoletos.
Os participantes se mostraram pessimistas quanto ao
legado prometido pelo governo federal. As palavras mais duras vieram do ex-goleiro e
sempre polêmico Emerson Leão. Para ele, há uma grande possibilidade de
passarmos vergonha. “Os estádios estão ficando bonitos, mas o entorno está
ficando péssimo. Tenho medo daquilo que nós vamos ofertar através da TV, e
oxalá fique só dentro do campo para o mundo exterior, porque no Carnaval já
tivemos o exemplo de que uma simples greve de garis deixou o Rio de Janeiro em
situação lastimável”, disse.
José Carlos Brunoro, diretor executivo do Palmeiras, pegou
mais leve do que o amigo e ainda assim conseguiu enxergar bons horizontes com a
construção de modernas arenas. “A Copa do Mundo vai ficar restrita aos
estádios. A sensação que a gente tem é que quando a bola rolar, os estádios
estarão prontos e parece que isso vai subtrair os outros problemas que
aconteceram com a organização. O lado bom da Copa é que as novas arenas
propiciarão aos clubes uma responsabilidade maior de faturamento”, explicou.
Para Amir Somoggi, não será possível recuperar todo o tempo
perdido com a organização do megaevento. “Ficamos parados de outubro de 2007 (mês da escolha da sede) até
outubro de 2010 sem fazer nada, a não ser as decisões políticas em detrimento
às decisões técnicas”. Somoggi ainda complementou: “A Fifa deixou-se enganar
por aqueles que escolheram as 12 sedes e hoje está sofrendo com a
desorganização. Talvez oito ou dez sedes
como se imaginava no início, não resolveria tudo, mas minimizaria os problemas”.
O especialista em marketing e gestão esportiva também alfinetou
o Ministro dos Esportes. “Qualquer pessoa que estuda megaeventos, sabe da
complexidade de organização. É um grande desafio. Ninguém fará nada com os pés
nas costas, como o Aldo Rebelo imagina, o que dirá de um evento que consumirá
30 bilhões de reais de dinheiro público”, disse.
Outro participante do seminário, o ex-lateral Belletti citou
que os jogadores estrangeiros temem pela falta de segurança no Brasil. “Há três
ou quatro dias, recebi uma mensagem do (marfinense) Drogba (companheiro dos
tempos de Chelsea) perguntando se eu achava seguro trazer a família dele para o
país. Confesso que não respondi. Numa segunda mensagem, ele me questionou se há
empresas de segurança para escoltar os familiares”.
Belletti, que esteve cobrindo a Copa das Confederações de 2013 (evento teste para a Copa) pelos canais Sportv, afirmou também que o Brasil não tem
credibilidade nenhuma de organização lá fora. “Somos vistos apenas pelo
carnaval, mulher bonita e praia”, concluiu.
Espera-se não haja grandes problemas nos 30 dias de Copa do Mundo. E que o país possa colher alguns frutos no
período pós-evento.
Em breve, a CBN organizará novos seminários sobre megaeventos
esportivos. O Rio de Janeiro deve ser a próxima cidade a receber um encontro
entre profissionais da área.
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