sábado, 12 de julho de 2014

Vexame verde e amarelo na Copa do Mundo de 2014. O que podemos tirar de lição?

Acompanho futebol desde meados da década de 90 e posso dizer com todas as letras que a Seleção Brasileira, que deu vexame na Copa do Mundo de 2014, foi a pior que eu já vi em ação. Uma Seleção sem um líder dentro de campo, sem padrão de jogo, sem grandes jogadores e com um técnico ultrapassado.

Os problemas ficaram mais evidentes quando enfrentamos times mais fortes. Contra a Alemanha na semifinal fomos massacrados com impiedosos 7 a 1, no Mineirão. Na disputa pelo terceiro lugar, o vexame não foi tão grande, mas não deixou de ser vergonhoso: 3 a 0 para a Holanda, na Arena Mané Garrincha. A Laranja Mecânica chegou ao placar sem se esforçar tanto. Levamos 10 gols nos últimos dois jogos - jamais isso havia acontecido na história.



A verdade é que até mesmo antes de enfrentar rivais de ponta, a Seleção Brasileira não convencia. Com futebol sofrível, o time conseguiu somar 3 pontos na estreia contra a Croácia, graças a um pênalti inexistente em Fred, quando o placar apontava 1 a 1. Depois vieram um empate sem gols contra o México e uma goleada por 4 a 1 sobre Camarões, que impôs mais dificuldades do que o placar sugere. Nas oitavas de final, o Brasil eliminou o Chile nas penalidades, atuando de forma precária no tempo normal e prorrogação. Na fase seguinte, o time até que teve bom rendimento e fez 2 a 1 na Colômbia, que até então vinha sendo a sensação da Copa. Quem diria que depois daquele jogo no Castelão viriam dois grandes vexames contra Alemanha e Holanda?

O futebol brasileiro está na UTI e se não sofrer profundas mudanças corremos o risco de assistir a novos fracassos nos próximos Mundiais. Pagamos o preço de uma gestão corrupta da CBF, hoje presidida por José Maria Marín, filhote da ditadura. Seu provável sucessor Marco Polo Del Nero foi acusado recentemente por crimes financeiros.

Além da podridão na CBF, o país tem tido dificuldade em revelar novos talentos. As categorias de base da maioria dos clubes brasileiros estão sucateadas. Hoje, o vigor físico de um atleta é mais importante do que sua técnica. No passado não era assim. Produzíamos uma infinidade de craques...

Os empresários tomaram conta do futebol e fazem de tudo para exportar mão de obra. Muitas vezes, jogadores que nem atingiram a maioridade, vão defender clubes modestos da Europa, Ásia e África.

Estamos parados no tempo e vemos países sem tanta tradição do que a gente fazendo grandes trabalhos. A Alemanha é um grande exemplo. Aproveitou um momento ruim (pífia campanha na Eurocopa 2000) para promover profundas mudanças estruturais. O projeto de recuperação do futebol alemão se baseia em três pilares: investimento pesado nas categorias base, intercâmbio de ideias com países do exterior e a contratação de uma comissão técnica – liderada por Jürgen Klinsmann – que revolucionou o modo de jogar da seleção germânica, que no passado era burocrática, onde prevalecia a força em detrimento da técnica.

Hoje, a seleção de Joachim Low, que foi auxiliar de Klinsmann, colhe importantes frutos. Revelou importantes jogadores como os meias Toni Kroos e Schweinsteiger, e o atacante Thomaz Muller e luta pelo tetracampeonato mundial. A grande reestruturação alemã refletiu na Liga de Futebol do país, que hoje é a segunda mais valiosa do mundo, perdendo apenas para a Inglesa.

A CBF deveria deixar a arrogância de lado e copiar o modelo do rival.

Curtinhas

*** O técnico Luiz Felipe Scolari e o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira fariam um bem danado se entregassem os seus cargos. Possuem visões de futebol ultrapassada. Para ambos, o hexacampeonato já estava garantido antes de a Copa começar. E para piorar não colocaram os pés no chão nem depois dos vexames contra Alemanha e Holanda.

*** Felipão não conseguiu montar um grupo competitivo. Nos sete jogos da Copa foi incapaz de dar um padrão de jogo ao time. Só víamos chutão da defesa ao ataque. Nenhuma jogada coletiva. Só brilharecos de Neymar, o nosso único craque, que esteve de fora dos vexames por conta de fratura em uma das vértebras.

*** Espero que o ciclo rumo a Copa do Mundo de 2018 comece com um novo treinador, com ideias modernas e principalmente humilde. Defendo a contratação de um profissional estrangeiro. O espanhol Pep Guardiola e os argentinos Marcelo Bielsa e Jorge Sampaoli encaixariam perfeitamente em nosso DNA. Os três priorizam o futebol ofensivo e já provaram as suas competências.

*** Aqui no Brasil, não me empolgo com nenhum treinador. Fala-se que o desempregado Tite poderia assumir a Seleção Brasileira a partir de agosto. O gaúcho fez um excelente trabalho pelo Corinthians entre 2011 e 2013, mas muitas vezes apela para estratégias cautelosas. Entendo que sua filosofia de jogo não se encaixa perfeitamente com aquilo que o povo brasileiro imagina: futebol alegre, jogadas trabalhadas, ofensividade...

*** Ao contrário da maioria dos profissionais, Tite aproveitou o tempo parado para estudar futebol. Foi à Europa para entender melhor como os treinadores de lá montam seus times. Isso poderá contar pontos para assumir a Seleção Brasileira.

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